São João de Coroatá

On 23 setembro 2006 / By Cleo Freitas PPG / Reply
Coroatá em junho transforma-se em um belo espaço de atrações, pois nesta época a cidade vira palco da maior festa popular do Maranhão, o São João. Atualmente, isso desde alguns anos atrás a festa foi municipalizada, ou seja, passou a ser organizada exclusivamente pela Prefeitura Municipal, em outras décadas era o povo que ia para a rua com sua festa e suas danças. Nesta festa faziam parte o Bumba-meu-boi, Quadrilha, Tambor de Crioula e outras manifestações.
Embora comemorado em várias partes do Brasil em todo o Maranhão, o São João tem um tempero especial. A energia da festa toma conta do povo, e inúmeras praças e ruas cedem lugar a animados arraiais, com barracas de palha, brincadeiras e deliciosas comidas típicas. O grande diferencial, contudo, fica mesmo por conta de manifestações folclóricas tradicionais do Estado, com suas características únicas. Coroatá também já foi assim, quando a festa do povo era feita pelo povo, nos seus bairros, em seus terreiros afros. O povo dançou e se encantou ao som do tambor no terreiro de Mãe Senhorinha, boi do Martelo, do Carmajó, do Estrela do Itapecuru e do Boizinho de Coroatá, estes dois últimos ainda permanecem vivos embora não com a mesma força e alegria.
A mais conhecida é o Bumba-meu-boi, auto popular que une belas fantasias, música contagiante, instigante enredo e muita animação. Juntando elementos negros, indígenas e portugueses, o auto conta a história do escravo Pai Francisco, que para satisfazer a sua mulher Catirina, grávida e com desejo de comer língua de boi, mata o novilho Mimoso, o mais querido do amo. Uma vez descoberto, Pai Francisco foge com a mulher, mas é preso, e finalmente libertado quando feiticeiros conseguem através de mágicas, ressuscitar o animal. A partir daí, tudo é festa.

O Bumba-Meu-Boi
Os brancos trouxeram o enredo da festa; os negros, escravos, acrescentaram o ritmo e os tambores; os índios, antigos habitantes, emprestaram suas danças. E a cada fogueira acesa para São João, os festejos juninos maranhenses foram-se transformando no tempo quente da emoção, da promessa e da diversão. É nesta época de junho, que reina majestoso o Bumba-meu-boi.O auto popular do Bumba-meu-boi conta a estória da Catirina, uma escrava que leva seu homem, o nego Chico, a matar o boi mais bonito da fazenda para satisfazer-lhe o desejo de grávida: comer língua de boi. Descoberto o malfeito, manda o Amo (que encarna o fazendeiro, o latifundiário, o "coronel" autoridade) que os índios capturem o criminoso, que, trazido à sua presença, representa a cena mais hilariante da comédia (e também a mais crítica no sentido social). Para ressuscitar o boi, chama-se o doutor, cujos diagnósticos e receitas estapafúrdias ironizam a medicina. Finalmente, ressurgido o boi e perdoado o negro, a pantomima termina numa grande festa cheia de alegria e animação, em que se confundem personagens e assistentes.Com traços semelhante aos dos autos medievais, a brincadeira do Bumba-Meu-Boi existe em outras regiões do País, mas só no Maranhão tem três estilos, três sotaques, e um significado tão especial. É mais que uma explosão de alegria. É "quase uma forma de oração", servindo como elo de ligação entre o sagrado e o profano, entre santos e devotos, congregando toda a população.O Bumba-Meu-Boi, na verdade, nasce de pagamento de uma promessa feita ao "glorioso" São João, mas nas festas juninas maranhenses também se rendem homenagens a São Pedro e São Marçal.